A invenção pode ser genial, o autor talentoso, mas sem dinheiro para impulsioná-la, não se chega muito longe. O estadunidense Elisha Otis está sentado na fábrica de carrinhos e vagões para a qual trabalha, em Nova Jersey, neste início dos anos 1850, e se sente um pouco triste.
Até então, a vida não lhe deu muitos motivos de alegria. Quase morreu de pneumonia aos 23 anos, logo depois de seu casamento. Viveu alguns bons anos com Susan, tiveram dois filhos, mas então foi ela que adoeceu, e o deixou viúvo com um menino de 8 anos e outro de 5.
Do ponto de vista profissional, ele sempre foi inventivo, mas também nunca conseguiu juntar dinheiro para se lançar realmente. Fabricou bonecas, até modificou uma máquina, quadruplicando sua produção. O patrão deu um bônus, e Elisha tentou montar um moinho, que acabou sendo uma madeireira sem muitos clientes.
De novo simples empregado, Otis se virava sozinho na fábrica de carrocerias. Que também não era lá um grande sucesso. E o estoque aumentava ao ponto de não caber mais no galpão. O imóvel não era muito amplo, mas tinha um pé direto alto. Então ele pensou em usar a parte alta para guardar alguns dos modelos.
O problema não era tanto fazer os pesados vagões subir. Com cordas e plataformas, devia haver um meio. Mas o risco que o espantava era que, durante a manobra, algo aconteça e o carroceria se espatifar no chão. Era demissão na certa, no mínimo. A partir de então, começou a estudar sistemas de freios e de molas para amortecer uma eventual queda. E conseguiu.
Até mostrou ao patrão, que achou muito bem bolado. Sem dinheiro para registrar patente, ele ficava na dúvida entre mostrar a todos sua invenção, com o risco de ela ser roubado por um poderoso industrial, e a mediocridade de sua condição de empregado de uma pequena fábrica periclitante. Isto, até este dia 23 de março de 1853, que ia mudar a vida dele. E não só dele, mas das cidades e do mundo tal como o conhecemos hoje.
O que aconteceu naquele dia? Os Cabeças da Notícia contaram, em 23 de março de 2021 a seguir >