2 de março de 1632: holandeses à vista em Pernambuco

Espanhóis e portugueses dominavam o mar no fim do século XV. E quando não encontravam…

Espanhóis e portugueses dominavam o mar no fim do século XV. E quando não encontravam cidadãos para levar suas bandeiras em novas travessias, contratavam estrangeiros ávidos em partir rumo a novos mundos. O genovês Cristóvão de Colombo (na versão aportuguesada, já que no idioma genovês era Cristoffa Corombo) “descobriu” a América por conta da coroa espanhola. Alguns meses depois, foi seu talvez conterrâneo (não se sabe ao certo se era genovês ou veneziano) Giovanni Caboto que posou o pé no que seria os Estados Unidos (e os ingleses aproveitaram para renomeá-lo John Cabot).

Franceses e holandeses num primeiro tempo ficaram fora da América do Sul. Perderam o bonde da história. Mas não demoraram em também querer parte do bolo. E a maior possível. Os descendentes de Asterix e Obelix fundaram cidades, ocuparam ilha em frente ao Rio de Janeiro, mas só conseguiram fincar-se na Guiana, que continua território francês até agora.

Os holandeses eram mais pragmáticos. O negócio deles era comércio. E era negócio mesmo: foram criadas companhias privadas, a coroa preferia ser discreta para evitar conflitos. O primeiro mercado e alvo dos empresários era a Índia e suas especiarias: cravinho, sândalo e noz-moscada. Por isso a firma se chamou Companhia das Índias Orientais (VOC na sigla em neerlandês).

É sabido que os “índios” no continente americano levaram esta alcunha simplesmente porque os primeiros europeus a chegar lá acreditavam ter chegado à Índia pelo oeste. Já que havia uma “grande ilha” no meio do caminho, a tal de América, era preciso encontrar um caminho, talvez mais ao norte. John Hudson acreditou ter conseguido, em 1609. Mas era só um rio. Deu-lhe seu nome, e tomou posse das margens. Hudson era inglês, mas funcionário da VOC, e por isso a cidade fundada ali era Nova Amsterdam antes de virar Nova Iorque.

Em paralelo, a coroa holandesa estava em guerra com a Espanha. Várias ocorrências em curto espaço de tempo tiveram grande influência: os Espanhóis governaram também Portugal, houve trégua declarada e rompida entre os dois beligerantes, e os Países Baixos criaram outra Companhia das Índias, deste vez para explorar a parte ocidental. O objetivo era duplo: tomar o controle dos locais produtores de açúcar e os postos de comércio de escravos.

É neste contexto que o Brasil despertou o interesse dos batavos. Atacaram Salvador, a então da capital da colônia, em 1624. E tomaram posse da cidade. Mas não da região, que se rebelou e conseguiu expulsá-los um ano depois. Voltaram em 1627, mas também não conseguiram ficar por muito tempo.

Então mudaram suas opções de desembarque. O que não conseguiam com os baianos, tentaram com os pernambucanos. Numa manhã de verão em Olinda, o mar estava repleto de navios holandeses. Era 2 de março de 1632. O resto da história está nos Cabeças da Notícia de 02/03/2021 >