É manhãzinha na costa de Okinawa neste 11 de maio de 1945. As forças americanas estão lançando uma grande ofensiva nesta ilha japonesa que fica distante das principais cidades do Império. Okinawa é mais próxima de Taiwan e da China, e a beleza de suas praias e a variedade de sua fauna a fazem merecer o apelido de “Fernando de Noronha do Japão” por parte dos viajantes brasileiros.
Mas os soldados estadunidenses não vieram admirar a paisagem. Trata-se de derrotar o último adversário da Segunda Guerra Mundial e, de quebra, vingar Pearl Harbour que fez os EUA entrar no conflito mais de três anos antes. No deck do porta-aviões Bunker Hill, os preparativos estão acelerados para logo mais botar os Corsair no ar.
O céu não está carregado, mas há nuvens baixas. De repente, saindo deste algodão a baixíssima altitude, um dos temidos Mitsubishi Zero literalmente mergulha em direção à ponte, larga sua bomba de 250 quilos e se choca com o navio bem no local onde ficam as munições e as reservas de combustível.
O fogo é imediato, já há dezenas de corpos estendidos no chão. 30 segundos depois, outro Zero aparece e realiza uma manobra similar. Desta vez o piloto japonês termina sua missão suicida na sala de refeições dos aviadores norte-americanos. É uma carnificina: 352 mortos confirmados, 41 desaparecidos e 264 feridos.
Este será o último ataque bem sucedido dos kamikaze, uma dessas palavras do idioma japonês que se popularizaram ao redor do mundo como uma lenda, refletindo diferenças culturais dificilmente explicáveis para os ocidentais. Quais eram as motivações desses jovens, muitos universitários, para estar prontos a sacrificar a própria vida por um Império que, objetivamente, não tinha mais condições militares de vencer a guerra?
É a origem deste mito, bem mais antigo que o século XX, que os Cabeças da Notícia contaram em 11 de maio de 2021 >