“Senhores, [aqui] está o maior inimigo da Inglaterra, e também o meu. Mas lhe perdoo tudo. Diante da morte de um homem tão grande, só se podem sentir tristeza e profunda lamentação”. As palavras do Hudson Lowe, governador inglês da ilha de Saint Helena neste 5 maio de 1821, são pronunciadas ao pé do leito onde acaba de morrer o ex-Imperador francês Naopleão Bonaparte.
Apesar da frase, não devem ser tão profundas assim a tristeza e a lamentação deste diretor da prisão que vigiou durante seis anos o homezinho (pelo tamanho) que durante alguns anos dominou a Europa ocidental. Saint Helena é um domínio britânico no Atlântico Sul, do tamanho de 4 Ilhas do Governador no Rio de Janeiro. A população não passa de algumas centenas de almas.
Por sinal, até hoje o parco desenvovlimento da ilha, que conta 4 mil habitantes, tem como ponto alto turístico as visitas em torno de Napol~eao. Há uma boa razão por isso: a ilha não tem nenhuma praia, só rochas. E há tanto vento constante que os aviões não pousam com segurança: é preciso alcançar Saint Helena de barco.
Napoleão terminando seus dias sucumbindo às doenças (mal tratadas pelos médicos ingleses) numa ilha não deixa de fechar um ciclo: 51 anos, Bonaparte dava seu primeiro grito numa ilha, outra, no Mediterráneo: a Córsega. A trajetória do que ia ser o primeiro Imperador francês é repleta de ações militares mas também de profundas modificações da sociedade francesa após a traumática e literal derruba da cabeça de rei.
Como todo grande homem de poder histórico, não há uma imagem clara e definida de Napoleão. Se de um lado ele implantaou grandes avanços sociais (divórcio, reconhecimento dos filhos naturais), do outro ele imprimiu à França um triste fato histórico: é o único país que, após ter abolido a escravidão, voltou atrás.
Mais detalhes da vida e morte de Napoleão, no dia do bicentenário dessa, foram lembrados nos Cabeças da Notícia de 5 de maio de 2021 >